terça-feira, 29 de março de 2011

Abraço



Sem saber, ele veio e abraçou-me, sem mais, nem menos. 

Um gesto simples. 

Um gesto de amigo. 

Mas preencheu-me. 

Preencheu meu corpo. 

Preencheu meu coração.

Um abraço gostoso. 

Um abraço normal. 

Um abraço de amigo. 

Mas ele não sabia que EU precisava daquele abraço, que sentia falta daquele abraço.

Agora, cá estou eu, precisando desse abraço NOVAMENTE.



“E voltou, então, à raposa:
__ Adeus... -disse ele.
__ Adeus -disse a raposa. __ Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
__ O essencial é invisível aos olhos -repetiu o principezinho, para não esquecer.
__ Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
__ Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... -repetiu ele, para não esquecer.
__ Os homens esqueceram essa verdade -disse ainda a raposa. __ Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...
__ Eu sou responsável pela minha rosa... -repetiu o principezinho, para não esquecer.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Reflexo no espelho



Vejo teu reflexo no espelho de uma loja, em um mundo tão distante.

Não vejo apenas um reflexo de um homem, mas o reflexo de uma vida inteira. Um homem que conheceu dores, alegrias, amores e amores.

TU não és apenas “um homem” que está na frente desse espelho. TU és um mundo inteiro impregnado de emoções, sentimentos, realizações.

TU te achas cansado? Não, cansado está o mundo que não para de te mostrar que TU és maior do que tudo que está à tua frente.

Não consegues ver no reflexo do espelho a TUA vida? Eu consigo ver. Veja e saberás que TU és feito de AMOR.



JD Matos – 25/03/2011 – 12h10

quarta-feira, 23 de março de 2011

Luto...Vivo!!!



Luto todos os dias da minha vida e, assim, vivo. Vivo à espera de algo, alguém, alguma coisa que me faça parar de lutar uma luta tão sangrenta, que sangra meu coração todos os dias. Não são decepções, não são. É apenas saber que sou pequena diante deste mundo, mas não tão pequena a ponto de mudar o meu destino. Meio antagônico isto, não é? Sim, e como.

Poderia ser mais simples, apenas acordar, sair, trabalhar, estudar, namorar, sorrir, chorar, e fazer mil coisas, sem se preocupar com os resultados, com as conseqüências. Mas isto não seria viver, seria uma passagem na vida.



JD Matos – 23/03/2011 – 23h32

sábado, 12 de março de 2011

quinta-feira, 10 de março de 2011

Amor de Camões



“Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói e não se sente,

é um contentamento descontente,

dor que desatina sem doer”.

(Camões)



Este verbo que sempre vem a boca, mas fogem palavras para descrevê-lo, como toda a intensidade de nosso ser. Camões tentou descrevê-lo, com todo o seu ardor, com toda a sua poesia.


Jovens tentam descrevê-lo, com toda a ousadia da juventude, com toda a inocência e sensualidade de tão tenra imaturidade.


Os adultos....ah...os adultos...sabem vivê-lo...em todas as suas formas e gêneros..todas as suas conjugações, tempo verbais, formas e anti-formas..com todos os conceitos, pré-conceitos e preconceitos...com toda a sua ousadia e teimosia...os adultos não querem descrever, querem apenas viver todo o amor que tem dentro de si, em toda a sua plenitude, em toda a sua infinitude.


Para que então tentar descrever o que não pode ser descrito em palavras? Eis uma pergunta que faço todos os dias, todas as horas, todos os segundos.
Talvez, quem sabe, talvez medir a intensidade de um sentimento que transborda pelo corpo, pela mente, pela alma, que vai além do infinito. Quem sabe, tentar mostrar um milésimo do que sentimos ao ver a pessoa que amamos, ao sentir seu cheiro, sua voz, seu toque. Quem sabe, tentar quantificar em termos gramáticos e aritméticos a equação inexata do existir, sem saber que aquilo tem fim ou não. Quem sabe, poder simplesmente amar e ponto final.




JD Matos – 10/03/2011 – 01h14

terça-feira, 8 de março de 2011

Ariana, a mulher




Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia de montanha em tomo. O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o outro instante. Ante o meu olhar absorto o relógio avançou e foi como se eu tivesse me identificado a ele e estivesse batendo soturnamente a meia noite.


E na ordem de horror que o silêncio fazia pulsar como um coração dentro do ar despojado senti que a Natureza tinha entrado invisivelmente através das paredes e se plantara aos meus olhos em toda a sua fixidez noturna. E que eu estava no meio dela e à minha volta havia árvores dormindo e flores desacordadas pela treva.


Como que a solidão traz a presença invisível de um cadáver? e para mim era como se a Natureza estivesse morta.


Eu aspirava a sua respiração ácida e sua deglutição monstruosa mas para mim era corno se ela estivesse morta. Paralisada e fria, imensamente erguida em sua sombra imóvel para o céu alto e sem lua. E nenhum grito, nenhum sussurro de água nos rios correndo, nenhum eco nas quebradas ermas. Nenhum desespero nas lianas pendidas, nenhuma fome no muco aflorado das plantas carnívoras. Nenhuma voz, nenhum apelo da terra, nenhuma lamentação de folhas, nada.


Em vão eu atirava os braços para as orquídeas insensíveis junto aos lírios inermes como velhos falos. Inutilmente corria cego por entre os troncos cujas parasitas eram como a miséria da vaidadesenil dos homens.


Nada se movia como se o medo tivesse matado em mim a mocidade e gelado o sangue capaz de acordá-los. E já o suor corria do meu corpo e as lágrimas dos meus olhos ao contato dos cactos esbarrados na alucinação da fuga.


E a loucura dos pés parecia galgar lentamente os membros em busca do pensamento. Quando caí no ventre quente de uma campina de vegetação úmida e sobre a qual afundei minha carne. Foi então que eu compreendi que só em mim havia morte e que tudo estava profundamente vivo. Só então vi as folhas caindo, os rios correndo, os troncos pulsando, as flores se erguendo.


E ouvi os gemidos dos galhos tremendo, dos gineceus se abrindo, das borboletas noivas se finando. E tão grande foi a minha dor que angustiosamente abracei a terra como se quisesse fecundá-la.


Mas ela me lançou fora como se não houvesse força em mim e como se ela não me desejasse. E eu me vi só, nu e só, e era como se a traição me envelhecido eras.


Tristemente me brotou da alma o branco nome da Amada e eu murmurei - Ariana! E sem pensar caminhei trôpego como a visão do Tempo e murmurava - Ariana! E tudo em mim buscava Ariana e não havia em nenhuma parte.


Mas se Ariana era a floresta, por que não havia de ser Ariana a terra? Se Ariana era a morte, por que não havia de ser Ariana a vida? Por quê? - se tudo era Ariana e só Ariana havia e nada fora de Ariana?


Baixei à terra de joelhos e a boca colada ao seu seio disse muito docemente

- Sou eu, Ariana...


Mas eis que um grande pássaro azul desce e canta aos meus ouvidos - Eu sou Ariana!


E em todo o céu ficou vibrando como um hino o muito. amado nome de Ariana.


Desesperado me ergui e bradei: - Quem és que te devo procurar em toda a parte e estás em cada uma? Espírito, carne, vida, sofrimento, serenidade, morte, por que não serias uma? Por que me persegues e me foges e por que me cegas se me dás uma luz e restas longe?

Mas nada me respondeu e eu prossegui na minha peregrinação através da campina


E dizia: Sei que tudo é infinito! e o pio das aves me trazia o grito dos sertões desaparecidos. E as pedras do caminho me traziam os abismos e a terra seca a sede nas fontes.


No entanto, era como se eu fosse a alimária de um anjo que me chicoteava - Ariana!

E eu caminhava cheio do castigo e em busca do martírio de Ariana. A branca Amada salva das águas e a quem fora prometido o trono do mundo.


E eis que galgando um monte surgiram luzes e após janelas iluminadas e após cabanas iluminadas E após ruas iluminadas e após lugarejos iluminados como fogos no mato noturno. E grandes redes de pescar secavam às portas e se ouvia o bater das forjas.


E perguntei:
Pescadores, onde está Ariana? - e eles me mostravam o peixe.
Ferreiros, onde está Ariana? - e eles me mostravam o fogo.
Mulheres, onde está Ariana? - e elas me mostravam o sexo.


Mas logo se ouviam gritos e danças, e gaitas tocavam e guizos batiam. Eu caminhava, e aos poucos o ruído ia se alongando à medida que eu penetrava na savana.

No entanto, era como se o canto que me chegava entoasse - Ariana! pensei: Talvez eu encontre Ariana na Cidade de ouro - por que não seria Ariana a mulher perdida?

Por que não seria Ariana a moeda em que o obreiro gravou a efígie de César?

Por que não seria Ariana a mercadoria do Templo ou a púrpura bordada do altar do Templo?

E mergulhei nos subterrâneos e nas torres da Cidade de ouro mas não encontrei Ariana

Às vezes indagava - e um poderoso fariseu me disse irado: - Cão de Deus, tu és Ariana!

E talvez porque eu fosse realmente o Cão de Deus não compreendi a palavra do homem rico.

Mas Ariana não era a mulher, nem a moeda, nem a mercadoria, nem a púrpura.


E eu disse comigo: Em todo lugar menos que aqui estará Ariana.

E compreendi que só onde cabia Deus cabia Ariana.

Então cantei: Ariana, chicote de Deus castigando Ariana!

E disse muitas palavras inexistentes.

E imitei a voz dos pássaros e espezinhei sobre a urtiga mas não espezinhei sobre a cicuta santa. Era como se um raio tivesse me ferido e corresse desatinado dentro de minhas entranhas.


As mãos em concha, no alto dos morros ou nos vales eu gritava

- Ariana! Ariana, a mulher - a mãe, a filha, a esposa, a noiva, a bem amada!

E muitas vezes o eco ajuntava: Ariana... Ana ...

E os trovões desdobravam no céu a palavra Ariana.


E como a uma ordem estranha, as serpentes saíam das tocas e comiam os ratos.

Os porcos endemoninhados se devoravam, os cisnes tombavam cantando nos lagos.

E os corvos e abutres caíam feridos por legiões de águias precipitadas.

E misteriosamente o joio se separava dó trigo nos campos desertos.

E os milharais descendo os braços trituravam as formigas no Solo.

E envenenadas pela terra descomposta as figueiras se tornavam profundamente secas.

Dentro em pouco todos corriam a mim, homens varões e mulheres desposadas.

Umas me diziam: Meu senhor, meu filho morre! e outras eram cegas e paralíticas.

E os homens me apontavam as plantações estorricadas e as vacas magras.


E eu dizia: Eu sou o enviado do Mal! e imediatamente as crianças morriam.

E os cegos se tomavam paralíticos e os paralíticos cegos.

E as plantações se tomavam pó que o vento carregava e que para afastar o calor sufocava as vacas magras.

Mas como quisessem me correr eu falava olhando a dor e a maceração dos corpos

-Não temas, povo escravo!

A mim me morreu a alma mais do que o filho e me assaltou a indiferença mais do que a lepra.

A mim se fez pó a carne mais do que o trigo e se sufocou a poesia mais do que a vaca magra.


Mas é preciso! para que surja a Exaltada, a branca e sereníssima Ariana.

A que é a lepra e a saúde, o pó e o trigo, a poesia e a vaca magra.


Ariana a mulher - a mãe, a filha, a esposa, a noiva a bem-amada!

E à medida que o nome de Ariana ressoava como um grito de clarim nas faces paradas.

As crianças se erguiam, os cegos olhavam, os paralíticos andavam medrosamente.

E nos campos dourados ondulando ao vento, as vacas mugiam para o céu claro


E um só clamor saía de todos os peitos e vibrava em todos os lábios - Ariana!

E uma só música se estendia sobre as terras e sobre os rios - Ariana!

E um só entendimento iluminava o pensamento dos poetas - Ariana!


Assim, coberto de bênçãos, cheguei a uma floresta e me sentei às suas bordas - os regatos cantavam límpidos.

Tive o desejo súbito da sombra, da humildade dos galhos e do repouso das folhas secas.

E me aprofundei na espessura funda cheia de ruídos e onde o mistério passava sonhando.

E foi corno se eu tivesse procurado e sido atendido vi orquídeas que eram camas doces para a fadiga.

Vi rosas selvagens cheias de orvalho, de perfume eterno e boas para matar a sede.

E vi palmas gigantescas que eram leques para afastar o calor da carne.


Descansei - por um momento senti vertiginosamente o húmus fecundo da terra.

A pureza e a ternura da vida nos lírios altivos como falos.

A liberdade das lianas prisioneiras, a serenidade das quedas se empenhando

E mais do que nunca o nome da Amada me veio e eu murmurei o apelo - Eu te amo, Ariana!


E o sono da Amada me desceu aos olhos e eles cerraram a visão de Ariana

E, meu coração pôs-se a bater pausadamente doze vezes o sinal cabalístico de Ariana

Depois um gigantesco relógio se precisou na fixidez do sonho, tomou forma e se situou na minha frente, parado sobre a meia-noite

Vi que estava só e que era eu mesmo e reconheci velhos objetos amigos

Mas passando sobre o rosto a mão gelada senti que chorava as puríssimas lágrimas de Ariana

E que o meu espírito e o meu coração eram para sempre da branca e sereníssima Ariana

No silêncio profundo daquela casa cheia da montanha em torno.


(Vinícius de Moraes)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Cada pedaço teu...




Desenharei
Cada pedaço teu
Em meu corpo...



JD Matos – 07/03/2011 – 03h00

Por quem me tomas?!




Só porque ando com um sorriso estampado no rosto
Só porque tenho sensações à flor da pele
Achas que sou assim...fácil?!
Nem conheces ainda a Ariana que existe do lado de cá...
Mulher de pulso forte
Sangue quente
Arisca
Que arrisca
Por quem me tomas?!....




JD Matos – 07/03/2011

domingo, 6 de março de 2011

TU és...


Intenso
Insano
Verdadeiro

Louco
Pai
Amante
Poeta
Homem
Lobo


....TU és o Infinito!






JD Matos – 06/03/2011 – 19h05

quarta-feira, 2 de março de 2011

Exalando teu cheiro




Em movimentos ritmados
Inebria o ar
Exalando teu cheiro...



JD Matos – 02/03/23h02

Conjugações



Temores
Odores
Sabores
Amores...













JD Matos – 02/03/2011 – 23h09

As rosas não falam...


Não, as rosas simplesmente não falam.
As rosas simplesmente são belas.
São melindrosas
São sedosas
Não, as rosas simplesmente são...
o amor que eu te dei
entre pétalas e espinhos...

JD Matos – 02/03/2011 – 23h22

Desvendas desejos do meu corpo




Tuas mãos entram nos meus cabelos
...descabelada fico,
Teus lábios tocam os meus
...encontra beijos molhados,
Tuas mãos percorrem meu corpo
...desejos aflorecem,
Teu corpo invade o meu
...desvendas desejos adormecidos.


JD Matos – 02/03/2011 – 11h11